Virtude da Amabilidade

4767766_Jesus_com_o_Olhar_de_Infinita_BondadeDA VIRTUDE DA AMABILIDADE fazem parte uma série de virtudes que talvez não sejam muito chamativas, mas que constituem o entrançado da caridade: a benignidade, que leva a tratar e julgar os outros e as suas atuações com delicadeza; a indulgência em face dos defeitos e erros alheios; a educação e a urbanidade nas palavras e nas maneiras; a simpatia, que por vezes será necessário cultivar com especial esmero; a cordialidade e a gratidão; o elogio oportuno às coisas boas que vemos nos outros…

O cristão sabe converter os múltiplos pormenores destas virtudes humanas em outros tantos atos da virtude da caridade, praticando-os também por amor a Deus. Aliás, a caridade transforma essas virtudes em hábitos mais firmes, mais ricos de conteúdo, e dá-lhes um horizonte mais elevado: com a ajuda da graça, o cristão encara e trata os seus irmãos como filhos de Deus que são.

Para estarmos abertos a todos, para convivermos com pessoas tão diferentes de nós (pela idade, religião, formação cultural, temperamento…), São Francisco de Sales ensina-nos que a primeira condição é sermos humildes, pois “a humildade não é somente caritativa, mas também doce. A caridade é a humildade que se projeta externamente e a humildade é a caridade escondida”; ambas as virtudes estão estreitamente unidas. Se lutarmos por ser humildes, saberemos “venerar a imagem de Deus que há em cada homem”, saberemos tratá-los com profundo respeito.

Respeitar é olhar para os outros descobrindo o que valem. A palavra vem do latim respectus, que significa olhar com consideração. Saber conviver exige que se respeitem as pessoas, como aliás as coisas, que são bens de Deus e estão a serviço do homem; já se disse com verdade que as coisas só mostram o seu segredo aos que as respeitam e amam; o respeito à natureza atinge o seu sentido mais profundo quando a encaramos como parte da criação e nos propomos dar glória a Deus através dela. O respeito é, enfim, condição que permite contribuir para a melhoria dos outros. Quando subjugamos os outros, inutilizamos os conselhos que lhes podemos dar e as advertências que lhes devemos fazer.

Ficamos gozosamente surpreendidos quando verificamos com que freqüência o Evangelho se refere aos olhares de Jesus, como se tivessem algo de muito especial. Podemos ler no texto sagrado que Jesus olhou com carinho para aquele rapaz que se aproximou dEle com desejos de ser melhor; que olhou com ternura para a pobre viúva que se mostrou tão generosa com as coisas de Deus, lançando no cofre do Templo o pouco que tinha para o seu sustento; e que olhou com simpatia para Zaqueu, que estava empoleirado no alto de uma árvore tentando vê-lo… Jesus olhava para todos com imenso respeito, fossem sãos ou doentes, crianças ou adultos, mendigos, pecadores… É esse o exemplo que devemos imitar na nossa convivência diária.

É preciso ver as pessoas – todas – com simpatia, com apreço e cordialidade. Se as olhássemos como o Senhor as olha, não nos atreveríamos a julgá-las negativamente. “Naqueles que não nos são naturalmente simpáticos, veríamos almas resgatadas pelo Sangue de Cristo, que fazem parte do seu Corpo Místico, e que talvez estejam mais perto do que nós do seu divino Coração. Não poucas vezes nos acontece passarmos longos anos ao lado de almas belíssimas, e não notarmos a sua formosura”. Olhemos ao nosso redor e respeitemos aqueles com quem nos damos diariamente na nossa própria casa, no escritório, com quem nos cruzamos no meio do trânsito, que esperam no consultório do dentista ou fazem fila nos correios. Examinemos junto de Jesus se os vemos com olhos amáveis e misericordiosos, como Ele os vê.

(Fonte)

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