(Vandeia Ramos)
A dinâmica do Evangelho de hoje é muito bonita. Pedro parece muito conosco, ou somos nós que nos parecemos com Pedro? Sabe “aquele” grupo que parece o “terror” da catequese? Aquele que faz a gente respirar mais fundo e achar difícil algum resultado positivo? Talvez pelo cansaço da messe, pela falta de confiança em nós ou em Deus, acabamos por nos afastar. Aí vem Jesus e diz que precisamos ir a águas mais profundas… Lá no fundo sabemos muito bem a que Ele se refere. Aos que nós marginalizamos e mesmo excluímos. Aqui é o momento catequista. Não por nós, mas em consideração Àquele que nos chama, respondemos com Pedro: “Em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”. E vemos a riqueza do que vem, dos catecúmenos que ninguém acreditava, que não se dava nada por eles. Sabemos que não foi pela nossa capacidade e ante a consciência de nossa incapacidade, dizemos com Pedro: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou pecador”.
Mas Deus é muito esperto. Antes de ele nos enviar à messe, Ele nos leva ao céu. Sua presença em nossa vida é uma realidade. Agradecemos diariamente todas as graças que recebemos. Vemos suas maravilhas. Exclamamos com os anjos que Deus é presente em sua Criação. Entre a Confissão e a Eucaristia, somos perdoados para que possamos participar de sua glória. Aí é que vem Deus e mostra para nós o quanto o mundo padece por se afastar, por negar, por não conhecer. Nós, olhando a tudo na perspectiva do céu, com Deus nos ensinando a olhar como Ele vê, caímos no seu Amor. Não um amor que força, com uma ordem “eu te mando fazer isso”. Mas, com uma leve insinuação, Ele diz que não há semeadores, não há operários para a messe. Através de Isaías, Deus desperta em nós a necessidade da catequese e de nosso envolvimento pessoal, tão irresistível que nos entregamos: “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me”.
São Paulo continua nos ensinando os caminhos pedagógicos: sua própria experiência com o Ressuscitado que se torna o início. Ele continua aprendendo com os apóstolos, que lhes transmitiram a própria experiência, ajudando-o a entender e aprofundar seu conhecimento. Não há catequista sem envolvimento pessoal com o próprio Cristo. E não é um momento único, mas um constante aprofundar no conhecimento do seu amor, com os irmãos. Ser modelo de fé é um compromisso permanente. É pelo exemplo que jogamos as redes, que nos aventuramos a ir em águas mais profundas, a estar com os demais reunidos. Sabemos que constantemente nos vem à consciência de que é muito para nós. Somos fracos, pequenos, “servos inúteis”. No entanto, reconhecemos que é a graça que age e configura a nós e o nosso servir. O trabalho pesado não é nosso, mas do Espírito que habita em nós.
Só então podemos nos juntar aos catecúmenos, aos anjos e, juntos, participarmos do Banquete do Cordeiro, cantar as maravilhas do Senhor em sua Igreja, agora e para todo o sempre!