Ouve, Catequista, o Meu Filho Amado

(Vandeia Ramos)

O Evangelho nos remete ao quarto mistério luminoso do terço, em uma caminhada de fé quaresmal que nos leva direto para a Páscoa. Como Jesus chama o trio André-Pedro-João entre os que seguem e mesmo entre os apóstolos, somos também nós chamados para estarmos mais próximos: para participamos e sermos membros do Corpo de Cristo, a qual anunciamos em nossa vida e na catequese.
De vez em quando, Jesus nos chama a alguns momentos particulares com Ele, para subir a Montanha e se revelar. É algo que não merecemos, independente de nós, ao qual somos chamados a participar.
Revelação envolve a Lei (Moisés) e os Profetas (Elas). Através deles a Palavra de Deus falou a nós, até que se fez carne e nos fala diretamente hoje. Nosso impulso e limitação humanas é de cuidar, de fazer uma tenda para abrigar, para que possamos servir de acordo com nosso alcance. Mas o que Deus deseja é muito maior do que poderíamos alcançar: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!”
Deus não precisa de tenda ou de nossa ajuda. Ele SÓ nos pede que acreditemos em Jesus através da sempre presente Palavra dada a Israel e aos cristãos: Escutai-o! Não é nossa missão delimitar um espaço de ação e de descanso para Jesus. Ainda temos dificuldades em compreender sua grandeza e majestade. A Palavra que criou o céu e a terra não precisa de pedaços de pano para se abrigar. Ele deseja nosso coração, mas na compreensão de Israel: Ele quer toda a nossa pessoa em comunhão com Ele.
Ouve, catequista: Jesus é o Filho amado do Pai, que quer ser presente no mundo através de nós, apresentando seu caminho, sua verdade e sua vida. Não para que nós o coloquemos em nossos achismos, em nossos sentimentos, e sim para que aprendamos a ouvi-lo, em uma audição silenciosa e humilde, repleta de confiança.
Jesus nos toca de modo especial, pedindo para que levantemos e não tenhamos medo. Não nos deixa sozinhos. Mas lembra que nem tudo que vivemos pode ser anunciado para os que ainda não entenderiam – somente após a Ressurreição, em que nossos catecúmenos tenham feito sua experiência com o Cristo, dizendo o “sim” no seu segmento. Há intimidades que só podemos falar com quem vive a mesma experiência.
Assim começamos mais um ano de catequese, seguindo a Palavra no seu envio, sua direção, mas sem clareza de onde vai dar, como Abrão. Só conhecemos o passo seguinte, mas não o caminho todo. Cada dia, sua graça. Conhecer toda a estrada, todas as dificuldades, cansaços… seria um peso muito grande e poderíamos não suportar. Então, seguimos na confiança deste ano, em um encontro de cada vez. A própria graça de Deus vai sustentar-nos, pela missão que nos foi confiada.
Como Nossa Senhora na Anunciação, sabemos que não é por mérito ou por nossa própria capacidade que assumimos a catequese. Nosso “sim” está na confiança de quem nos envia. É esta a resposta ao “Escutai-o”: o nosso “sim” ao que Jesus nos diz, seguindo os passos de sua Mãe e das grandes mulheres de Israel e do Cristianismo.
O “sim” de quem sabe que a força que tem vem do Senhor, para assumir todos os momentos da missão que nos é confiada, de silenciar em vários momentos para que possamos assistir Deus agindo, para que nossa voz e nossas atitudes sejam sustentadas pelo Espírito. Aquelas que geram a humanidade, que ouvem a Deus, tem em Nossa Senhora o modelo de escuta e de ação, não para agradar ao mundo, mas para alcançar a plenitude do ser mulher no coração de Deus.
A partir de nossa casa e em todas as catequeses, cantemos todas juntas: Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, venha a vossa Salvação!

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